Você já ouviu gritos no trabalho?

Homem de meia-idade gesticulando e gritando com cara de raiva.

Segundo uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, 92% dos entrevistados tiveram a percepção que as mulheres sofrem mais com situações de constrangimento e assédio no ambiente de trabalho do que os homens.

A pesquisa

Foi feita uma parceria com o Instituto Locomotiva juntamente com apoio da Laudes Foundation, e o objetivo foi dar mais visibilidade e fomentar o debate sobre as situações de violência e assédio no ambiente de trabalho. Para isso, foi mapeado as percepções de uma parcela da população sobre a temática e as experiências de constrangimento e assédio que são vividas pelas mulheres dentro do ambiente de trabalho.

A pesquisa “Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho” mostram o que todos já sabíamos: as mulheres sofrem muito mais assédio moral e sexual do que os homens. Cerca de 40% delas dizem que já foram xingadas ou já ouviram gritos no trabalho, já apenas 13% dos homens passaram por essa mesma situação.

Infográfico com a pergunta: Foi "xingado(a) ou gritaram com você?" entre homens e mulheres.

Resultado:

Homens 13%

Mulheres 40%
https://ilocomotiva.com.br/clipping/sbt-brasil-76-das-mulheres-ja-sofreram-assedio-e-violencia-no-trabalho-aponta-pesquisa/

Foram 1.500 entrevistados de diversos lugares do Brasil no formato online, com mais de 18 anos. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais para mais ou para menos.

A naturalização do assédio

76% das mulheres relatam já terem sofrido assédio, contra 68% dos homens. Contudo, nem sempre as situações de constrangimento ou até mesmo violência são vistos como assédio propriamente dito. Essa situação pode ser descrita muitas vezes como “bobagens” ou “brincadeiras” de acordo com a pesquisa.

Infográfico com a pergunta: Foi "Você já sofreu assédio?" entre homens e mulheres.

Resultado:

Homens 68%

Mulheres 76%
https://ilocomotiva.com.br/clipping/sbt-brasil-76-das-mulheres-ja-sofreram-assedio-e-violencia-no-trabalho-aponta-pesquisa/

O discurso que busca essa naturalização é extremamente nocivo, e põe em risco as mulheres que estão expostas no ambiente de trabalho. Justamente por vivenciarem essas situações periodicamente que essa naturalização acaba ocorrendo.

Como forma de exemplificar o que é o assédio, a promotora Adriana, em entrevista ao G1, define o conceito:

“Tanto o assédio moral quanto o sexual são tipos de violências. O assédio moral se caracteriza por ser um conjunto de atos que pode atuar de forma sistemática ou um ato de extrema gravidade que gera um constrangimento ou uma humilhação a ponto de ferir direitos fundamentais da vítima. Ele é considerado uma violência psicológica, sem conotação sexual. Já o assédio sexual diz respeito a uma violência que tem por base um aspecto sexual.”

Esses dois tipos de assédio podem ser considerados exercícios de poder, e acontecem com as mulheres em diferentes idades e classes. O que muda, é a forma como elas expressam ou entendem o assédio.

Responsabilidade empresarial

Apenas 16% das mulheres relataram não terem se importado com a situação do assédio. Para a maioria, os sentimentos de raiva, tristeza, ofensa e humilhação são recorrentes. A sensação de impunidade também ocorre com frequência. Em apenas 28% dos casos a vítima soube que o agressor sofreu alguma consequência.

Além disso, podemos ver os números levantados pela pesquisa em relação a vítima e o assediador:

  • 11% não formalizaram a denúncia por terem sido assediadas pelo superior;
  • 10% não formalizaram por terem visto o mesmo ocorrer outras vezes, mas não terem tido solução;
  • Dos casos denunciados, somente 34% a empresa reconheceu o relato e puniu o agressor;
  • Um quarto das mulheres que foram assediadas passaram a desconfiar das pessoas com quem trabalham e/ou não tiveram mais vontade de ir trabalhar;
  • 21% saíram da empresa.

A percepção que as pessoas tem, mesmo de quem trabalha informalmente, é de que as mulheres que possuem emprego registrado têm mais medo de agir. As mulheres autônomas acham ruim perder o cliente, mas isso não impede de fazer a sua renda, segundo a pesquisa.

A iniciativa da Respeite.me de levar mais segurança através de um canal de fala seguro para as empresas pode ajudar milhares de mulheres a conseguirem punir esses tipos de casos, e portanto, se sentirem mais confortáveis no ambiente de trabalho. Saiba mais sobre nós e nosso projeto aqui mesmo no nosso site.